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Aborto: onde o procedimento é banido, restringido e está ameaçado

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Em quase 20 países do mundo, cessar uma gestação não é permitido em nenhuma circunstância
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Em quase 20 países do mundo, cessar uma gestação não é permitido em nenhuma circunstância

Desde que a  Suprema Corte dos Estados Unidos revogou o acesso ao aborto como um direito constitucional no país — medida considerada um retrocesso de mais de 50 anos —, as políticas sobre a interrupção da gravidez têm sido um dos assuntos mais comentados no mundo. Nos Estados Unidos, realizar um aborto não é totalmente proibido, uma vez que cada estado pode determinar suas próprias políticas sobre a realização do procedimento. Mas, em quase 20 países do mundo, cessar uma gestação não é permitido em nenhuma extensão daquele território, ou circunstância. Este é o caso de muitas nações africanas, como Egito, Senegal e Madagascar, mas também de outras partes do mundo. Em todo mundo, mais de 40% das mulheres em idade fértil vivem em Estados com leis restritivas. 

No continente sul-americano, o acesso ao aborto é particularmente difícil e apresenta muitas limitações. No Brasil, interromper uma gravidez é proibido, exceto em três casos: quando a gestação é decorrente de um estupro, quando a vida da mulher está em risco ou se o feto apresentar anencefalia, ou seja, quando não há desenvolvimento cerebral. Venezuela, Peru, Bolívia e Paraguai seguem a mesma toada — o procedimento é proibido, mas há exceções. Honduras, que já proibiu o aborto, inclusive em casos de estupro ou incesto, anomalias fetais graves ou quando a vida ou a saúde da mãe estivesse ameaçada, aprovou uma reforma constitucional em janeiro de 2021 que endureceu ainda mais a legislação. 

O aborto é totalmente proibido no Suriname, na América do Sul, e na Nicarágua e em El Salvador, na América Central. Neste último, inclusive, uma mulher foi condenada a 30 anos de prisão por ter sofrido um aborto espontâneo após passar por uma emergência de saúde durante a gravidez.

Por outro lado, na América, o aborto é legalizado nas Guianas, na Argentina e no Uruguai. Na Colômbia, no Chile e no México, a interrupção da gestação é descriminalizada.

Na Europa, uma proibição total do aborto é uma exceção. Em Malta, mulheres que interrompem uma gravidez uma pena que varia de 18 meses a três anos de prisão. O procedimento também é proibido nos dois microestados de Andorra e no Vaticano, dois dos países mais católicos do mundo. Em outubro de 2020, o Tribunal Constitucional da Polônia tornou o aborto praticamente ilegal, eliminando a possibilidade de recorrer a ele em caso de anormalidades fetais. Esse critério dizia respeito a mais de 95% dos mil abortos legais realizados a cada ano no país. O procedimento segue sendo permitido em casos de estupro, incesto ou se a gravidez representar um perigo para a mãe.

Segundo o jornal Le Monde , embora o aborto seja legal para até 12 semanas de gravidez na Itália, na prática, o procedimento é muito inacessível, em grande parte devido a chamada “objeção de consciência”. Como explicou o  iG em  reportagem publicada no último dia 12 de maio, trata-se de uma brecha na lei na qual um médico ou profissional pode se recusar a prestar um serviço caso ele vá contra seus princípios e valores. Em 2019, 67% dos ginecologistas italianos se recusaram a realizar um aborto, de acordo com os últimos números do Ministério da Saúde. Este número sobe para 80% em cinco das 20 regiões italianas.

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Ainda na reportagem, Julia Rocha, coordenadora da ONG Artigo 19, que realiza o Mapa do Aborto Legal, explica que, caso um profissional alegue objeção de consciência, o hospital precisa procurar outra pessoa dentro do quadro de funcionários para realizar o aborto. Se não houver nenhum outro profissional em serviço, em teoria, ele é obrigado a fazer de qualquer maneira. Mas, não é isso que acontece.

Em muitos países, o aborto é legal apenas quando a vida da mulher está em risco, uma condição extremamente restritiva: Costa do Marfim, Líbia, Uganda, Sudão do Sul, Iraque, Líbano, Síria, Afeganistão, Iêmen, Bangladesh, Mianmar, Sri Lanka, Guatemala, Paraguai e Venezuela. Em outros, como Irlanda, Irlanda do Norte e Tailândia, o acesso ao procedimento só foi concedido recentemente.

Segundo a OMS, entre 2010 e 2014, ocorreram no mundo cerca de 55 milhões de abortos, dos quais 45% foram realizados de forma insegura. No Brasil, dados sobre aborto e suas complicações são incompletos. Mas, de acordo com a última edição da PNA (Pesquisa Nacional de Aborto), realizada pelo Anis Instituto de Bioética e pela UnB (Universidade de Brasília), em 2015, 417 mil mulheres nas áreas urbanas do Brasil realizaram um aborto. Se incluída a zona rural, esse número sobe para 503 mil.

Fonte: IG Mundo

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Internacional

Israel não prova ligação de agência da ONU em Gaza com 7 de outubro

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O governo de Israel não apresentou provas de que funcionários da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) tenham relação com organizações terroristas, afirmou um relatório independente de 54 páginas, publicado nesta semana e feito a pedido do secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

“Israel fez declarações públicas de que um número significativo de funcionários da UNRWA são membros de organizações terroristas. No entanto, Israel ainda não forneceu provas disso”, diz o documento produzido pela francesa Catherine Colonna, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros da Europa, em parceria com representantes de institutos de direitos humanos da Suécia, Noruega e Dinamarca.

O parecer considera ainda que a UNRWA tem mecanismos melhores do que outras agências da ONU para garantir a neutralidade política. Ainda assim, a investigação identificou riscos para essa neutralidade, principalmente, em materiais educativos usados pelas escolas da agência, e devido a manifestações políticas de funcionários nas redes sociais.

O relatório fez 50 recomendações para aperfeiçoar os mecanismos de neutralidade, que foram aceitas pelo chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, e pelo secretário-geral da ONU António Guterres.

“A análise revelou que a UNRWA estabeleceu um número significativo de mecanismos e procedimentos para garantir o cumprimento dos princípios humanitários, com destaque para o princípio da neutralidade, e que apresenta uma abordagem mais desenvolvida à neutralidade do que outras entidades semelhantes da ONU”, diz o documento.

Entenda

No final de janeiro de 2024, Israel acusou doze funcionários da UNRWA de participarem do ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro. A acusação fez com que 16 países suspendessem o financiamento da principal agência de ajuda humanitária em Gaza, cortando cerca de US$ 450 milhões da organização.

Estados Unidos, Itália, Finlândia Suécia e Canadá estavam entre os países que suspenderam o financiamento da Agência. De um tempo para cá, alguns retomaram os repasses, como Canadá e Suécia.

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Em consequência, o secretário-geral da ONU, António Gutérrez, exonerou os funcionários acusados e abriu duas investigações para avaliar o funcionamento da Agência que emprega 30 mil pessoas e presta ajuda humanitária aos cerca de 5,9 milhões de palestinos refugiados em Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Líbano e Síria. A segunda investigação, que é realizada pelo Gabinete de Supervisão Interna da ONU, ainda está em andamento.

A investigação finalizada nesta semana começou em 13 de fevereiro e seus membros visitaram as instalações da UNRWA na Jordânia, em Jerusalém e na Cisjordânia, entrevistando mais de 200 pessoas, entre países doadores e de partes interessadas, como a Autoridade Palestina e Israel, incluindo funcionários de Gaza. “Foram feitos contatos diretos com 47 países e organizações”, diz o documento.

O parecer liderado pela ex-ministra europeia Catherine Colonna destacou ainda que Israel não informou à agência para palestinos qualquer restrição às listas dos funcionários que eram repassadas ao governo de Tel Aviv.

“É digno de nota que o governo israelense não informou a UNRWA sobre quaisquer preocupações relacionadas a qualquer pessoal da UNRWA com base nessas listas de pessoal desde 2011”, afirmou.

O documento considerou que a UNRWA continua sendo fundamental para prestar ajuda humanitária aos refugiados palestinos. “A UNRWA é insubstituível e indispensável para o desenvolvimento humano e econômico dos palestinos”, disse.

Apesar de constatar uma estrutura robusta, o documento afirma que existem problemas que podem afetar a neutralidade política da UNRWA. “Incluem casos em que funcionários expressaram publicamente opiniões políticas, livros didáticos do país anfitrião com conteúdo problemático usados em algumas escolas da UNRWA e sindicatos de funcionários politizados que fizeram ameaças contra a gestão da UNRWA e causaram perturbações operacionais”, destaca o parecer.

Recomendações

Dentre as recomendações, há a previsão de se criar uma unidade para investigação da neutralidade dentro da agência; a formação do pessoal; e novas regras para selecionar os candidatos a funcionários da UNRWA. Outra recomendação é de aumentar a transparência da comunicação da agência com os doadores.

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Em relação às escolas, o relatório independente reconheceu que a UNRWA “tem trabalhado consistentemente para garantir a neutralidade na educação”. O órgão oferece educação primária e preparatória para 500 mil alunos em 706 escolas, com 20 mil funcionários. A Faixa de Gaza representa 40% da estrutura educacional da agência, mas essa estrutura entrou em colapso com a guerra e todas as crianças estão fora das aulas em Gaza.

Sobre a crítica de Israel de que o material didático incentivaria o “discurso de ódio” e o “antissemitismo”, o relatório fez três avaliações. Em duas, foram identificados “conteúdo não conforme”, mas não evidências de referência antissemita. Na terceira avaliação, foram identificados dois exemplos de conteúdo antissemita, mas observou que “um já tinha sido removido e outro significativamente alterado”.

Com isso, o relatório recomendou a revisão dos conteúdos de todos os livros didáticos, ressaltando que os professores das escolas geridas pela agência usam o material fornecido pelas autoridades locais.

“Dada a singularidade deste contexto político, estas medidas só terão um impacto significativo com o apoio dos países anfitriões, de Israel e da Autoridade Palestina”, diz o documento.

O chefe da Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Philippe Lazzarini, disse que vai desenvolver um plano de ação para atender as demandas do relatório independente.  

“A UNRWA acolhe com satisfação as conclusões e recomendações da análise independente sobre a adesão da agência ao princípio humanitário da neutralidade. A UNRWA está firmemente empenhada em aplicar os valores e princípios humanitários da ONU. As recomendações deste relatório reforçarão ainda mais os nossos esforços e a nossa resposta durante um dos momentos mais difíceis da história do povo palestino”, disse.

Fonte: EBC Internacional

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