Economia

Chuvas provocam enchentes, mas não reduzem conta de luz; entenda

Publicado


source
Consultores concordam com o governo de que situação nos reservatórios das hidrelétricas ainda é crítica e não permite retirar bandeira tarifária
Fernanda Capelli

Consultores concordam com o governo de que situação nos reservatórios das hidrelétricas ainda é crítica e não permite retirar bandeira tarifária

Apesar das chuvas acima da média nos últimos meses , especialistas concordam com o governo que ainda é cedo para acabar com a bandeira tarifária de Escassez Hídrica e dar algum alívio ao consumidor na conta de luz.

Na quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, confirmou ao GLOBO que o governo ainda não planeja antecipar o fim da vigência da bandeira, que representa uma taxa extra sobre as tarifas de energia cobrada pelas distribuidoras. Deve ser mantido até abril. 

O encargo serve principalmente para compensar o aumento do custo da geração de energia com o acionamento de termelétricas diante da menor capacidade nas hidrelétricas provocada pela crise hídrica de 2021.

Segundo boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), está chovendo mais que a média em janeiro. Mas Roberto Pereira D’Araújo, diretor do Instituto Ilumina, diz que a situação hídrica ainda é crítica.

Segundo levantamento feito pelo especialista, o Brasil está acima dos 35% de capacidade geral dos reservatórios. O ideal para permitir o desligamento das térmicas, para ele, seria 70%.

Isso porque os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste são responsáveis por mais de dois terços da capacidade de reserva das hidrelétricas do país, ele explica:

“Os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste estão com apenas 33%. Ou seja, é preciso muita chuva ainda para permitir acabar com a bandeira tarifária da Escassez Hídrica.”

Hora de cautela

Lavinia Hollanda, da Escopo Energia, diz que, apesar do aumento das chuvas neste início de ano na principal área de armazenamento para hidrelétricas do país, é preciso cautela. Ainda ainda não se sabe qual será o patamar de chuvas para os próximos meses, pondera: 

“Por isso, não dá para acabar com a bandeira neste momento, pois é preciso entender o que vai vir ainda. Tivemos um mês e meio de chuvas acima da média, mas estamos há dois anos com hidrologia ruim.”

Leia mais:  Consumidor poderá fazer compras com crédito via Pix, diz Campos Neto

O presidente da consultoria Thymos, João Carlos Mello, observa que as chuvas no país entre outubro do ano passado e janeiro deste ano estão 40% acima da média do mesmo período entre 2020 e 2021. Na região Sudeste, esse aumento chega a 100% na mesma base de comparação.

Ainda sim, ele acredita ser mais prudente manter a bandeira tarifária pelo menos até fevereiro:

“O ideal é manter as térmicas acionadas ainda, pois, apesar das chuvas, ainda não sabemos como serão os próximos meses. Por outro lado, o clima mais ameno também tem ajudado a reduzir o consumo de energia, e isso pode ser levado em consideração também.”

Reservatórios devem chegar a 40% no fim do mês

Com mais chuvas que a média do ano passado confirmada pelo ONS, a previsão é que o volume de água armazenado nos reservatórios localizados no Sudeste e no Centro-Oeste alcance 40% da capacidade dos reservatórios no fim do mês. Hoje, está em 33,56%.

Leia Também

No Nordeste, a previsão é que o volume saia dos 65,96% atuais para 70,2% no fim do mês. Nas outras regiões, a expectativa é de queda no volume armazenado.

No Norte, a projeção indica 73,2% no fim deste mês, menor que os 78,36% atuais. No Sul, o volume deve cair dos atuais 40,72% para 34,8%, segundo a previsão do ONS em seu boletim do Programa Mensal de Operação (PMO) .

Por que bandeira extra foi criada?

A bandeira emergencial, acima da vermelha, foi estabelecida pelo governo como uma forma de cobrir os custos da geração de energia por termelétricas a gás natural, óleo diesel, carvão mineral e biomassa. 

Essas usinas garantiram o fornecimento de energia no país no momento crítico, em que os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste ficaram em níveis historicamente baixo. O governo acionou todo o parque térmico disponível no país no segundo semestre do ano passado.

Apesar de garantir o fornecimento de energia, as termelétricas têm custos mais altos. Para evitar um colapso financeiro no sistema elétrico, o governo criou a taxa extra e deve manter essa bandeira até abril. 

A bandeira cobre os custos do sistema no ano passado e não neste ano, no início do período úmido.

Termelétricas já geraram rombo de R$ 12 bi

De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o balanço entre os gastos com termelétricas e o arrecadado com as bandeiras acumula um rombo de R$ 12,3 bilhões até novembro. Essa conta é transferida para os consumidores por meio das tarifas. 

A Aneel previa um reajuste médio de 20% nas contas neste ano, por conta dos custos da crise hídrica em 2021. Para evitar esse “tarifaço”, o governo prepara um empréstimo de cerca de R$ 15 bilhões para o setor, por meio das distribuidoras de energia e embutido nas contas de luz.

Esse financiamento alivia as contas de luz agora, mas precisará ser pago no futuro, com juros. 

O nível dos reservatórios de Sudeste e do Centro-Oeste — regiões consideradas a “caixa d’água” do setor — caíram para 16% em setembro. Com as chuvas nas últimas semanas, deve fechar janeiro a casa de 40%, maior que o registrado no mesmo período do ano passado (23%).

D’Araújo avalia que só o investimento em fontes de energia renováveis, como solar e eólica, podem reduzir a demanda de termelétricas, que são mais caras, e dispensar o sistema de bandeiras. 

“Sou contra o regime das bandeiras. O ideal é ampliar o investimento. Se o Brasil crescer 3% não vamos ter energia suficiente”, alerta. 

Comentários Facebook
publicidade

Economia

Subsídios financeiros caíram para R$ 203 milhões no 5º bimestre

Publicado

O Tesouro Nacional informou nesta quinta-feira (30) que os subsídios de natureza financeira reduziram no 5º bimestre de 2023 para R$ 203,2 milhões, enquanto no mesmo período do ano passado ficaram em R$ 339,9 milhões. Segundo o Tesouro, a queda ao longo do tempo é uma tendência, porque decorrem de “equalização de taxas de juros no âmbito do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), em que não há mais contratação de novas operações desde 2015”.

Os números constam do boletim bimestral do programa e descrevem o impacto fiscal das operações do Tesouro Nacional com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A análise considera o custo de captação do governo federal e o valor devido pela União, e valores inscritos em restos a pagar nas operações de equalização de taxa de juros no âmbito do PSI.

Como o BNDES empresta com uma taxa de juros mais baixa que a de mercado, o Tesouro precisa cobrir a diferença entre essas taxas e os juros que o governo paga no sistema financeiro. No caso dos subsídios financeiros, o governo usa recursos do Orçamento Geral da União para cobrir a diferença entre as taxas usadas nos financiamentos do BNDES e as taxas cobradas do tomador.

Leia mais:  Juros médios cobrados pelos bancos chegam a 42,2% ao ano em outubro

“Dessa forma, considerando a amortização dos empréstimos concedidos no âmbito do programa, o saldo equalizável de operações vem caindo, sendo o seu término previsto para 2041. Com isso, a expectativa é que esses subsídios continuem decrescendo ao longo do tempo, exceto se houver um forte incremento do custo da fonte de recursos (Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP)”, informou o Tesouro.

O documento aponta que os subsídios creditícios do Tesouro Nacional no âmbito do PSI e dos empréstimos ao BNDES também diminuíram, passando de R$ 3,2 bilhões até o 5º bimestre de 2022 para R$ 1,5 bilhão no mesmo período de 2023, em valores correntes.

Esses subsídios não são cobertos com recursos do Orçamento, mas por meio da emissão de títulos da dívida pública. Eles cobrem a diferença entre a taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 12,25% ao ano, e a Taxa de Longo Prazo (TLP).

“Essa queda significativa é resultado das liquidações antecipadas dos empréstimos por parte do BNDES ocorridas após o 5º bimestre de 2022 (R$ 45 bilhões), as quais contribuíram para que o saldo dos contratos que constituem subsídios implícitos em outubro de 2023 (R$ 31,9 bilhões) fosse menor do que o saldo verificado em agosto de 2022 (R$ 78,7 bilhões)”, explica o boletim.

Leia mais:  Rede hoteleira espera alta ocupação nas férias de Julho

Segundo o boletim, a projeção dos subsídios financeiros e creditícios de 2023 até 2040 e 2041, respectivamente, permanece a mesma da apresentada no boletim referente ao 6º Bimestre de 2022, com posição de 31 de dezembro de 2022. Dessa forma, os subsídios financeiros continuam em R$ 1,2 bilhão, a valor presente. Já os subsídios creditícios alcançam o montante de R$ 4,7 bilhões, a valor presente, na posição de 31 de dezembro de 2022. A justificativa, segundo o Tesouro, é que não houve movimento financeiro relevante no decorrer do 5º bimestre deste ano.

Fonte: EBC Economia

Comentários Facebook
Continue lendo

Mais Lidas da Semana