Segundo Ferraz, amigo de Bolsonaro desde a época do Exército, a advogada Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente, comandou um esquema de rachadinha que incluía os gabinetes do ex-marido, de Flávio e do vereador Carlos Bolsonaro. Ela teria sido substituída posteriormente por Queiroz, que se tornou o responsável pela arrecadação dos salários dos servidores.
Em postagem em seu Instagram, que é fechado apenas para seguidores autorizados, o ex-policial disparou: “Se isso é amigo, imagina se fosse inimigo”, postou. “Esse traste não vale que o gato enterra”, prosseguiu.
A publicação foi curtida por Ana Cristina Valle, figura central das acusações de Ferraz. Respondendo seguidores em sua rede, Queiroz acusou o amigo e ex-assessor de Bolsonaro também conhecido como “Jacaré” de vazar áudio seus para a imprensa, e o chamou de “ruim de nascença” e “cobra”.
Recentemente, Queiroz, que é apontado pelo Ministério Público como operador do esquema das ‘rachadinhas’ no gabinete de Flávio em sua época como deputado estadual do Rio, deu indícios de que pretende se lançar como candidato ao cargo de deputado federal nas próximas eleições.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou para manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) o pedido feito pelo líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja investigado por suposta interferência na operação da Polícia Federal contra o ex-ministro Milton Ribeiro .
O pedido foi feito no âmbito do inquérito do STF aberto após a saída de Sérgio Moro do governo.
No pedido apresentado por Randolfe, líder da oposição no Senado, o senador pede para que sejam tomadas medidas “a fim de evitar interferências indevidas” do presidente e da cúpula do governo.
“Nesse sentido, requeremos a Vossa Excelência, na qualidade de Ministro responsável pela condução do Inquérito 4.831, que tem por objeto a interferência indevida do Presidente da República na Polícia Federal, que tome as medidas cabíveis a fim de evitar interferências indevidas da cúpula do Poder Executivo nas atividades-fim da Polícia Federal, determinando, se for o caso, a abertura de inquérito para apurar a conduta de violação de sigilo e de obstrução da justiça do Presidente Jair Bolsonaro”, diz o pedido.
Na semana passada, durante a Operação Acesso Pago, Milton Ribeiro chegou a ser preso preventivamente e foi alvo de busca e apreensão, além de ter tido o sigilo bancário quebrado, por ordem do juiz federal Renato Borelli. Depois foi solto por decisão do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
A PF já tinha interceptado ligações telefônicas do ex-ministro. Em uma delas, em 9 de junho, ele contou à filha que conversou por telefone com Bolsonaro. Segundo Milton Ribeiro, o presidente disse na época achar que fariam uma busca e apreensão contra o ex-ministro.
O diálogo levou o MPF a apontar houve indícios de vazamento e “possível interferência ilícita por parte do presidente da República Jair Bolsonaro nas investigações”. A partir disso, solicitou o envio do caso ao STF, tribunal que pode processar o presidente da República, o que foi autorizado pelo juiz federal Renato Borelli.
No telefonema com a filha, Milton Ribeiro afirmou: “A única coisa meio… hoje o presidente me ligou… ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?”
Depois disse “”Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios né…”.