Familiares de três crianças que faleceram no Hospital Regional Paulo Alemão, em Água Boa, realizaram nesta quinta-feira (26.09) uma nova manifestação para cobrar justiça e uma investigação completa sobre as mortes. Mães, pais e parentes das vítimas afirmam que houve negligência médica, com falta de leitos e atrasos no atendimento, o que contribuiu diretamente para o agravamento dos quadros de saúde dos bebês.
Os manifestantes seguravam cartazes pedindo investigação rigorosa das mortes e a punição dos responsáveis. “Queremos justiça por nossos filhos. Queremos que sejam investigadas as mortes das nossas crianças no Hospital Regional Paulo Alemão”, estampava um dos cartazes levados ao protesto, que contou com a presença de familiares. “Governador Mauro Mendes, imploramos: ajude-nos a fazer justiça aos nossos pequenos”, pedia uma faixa.
Sandra, mãe de Anthony, um dos bebês que faleceu, relatou em depoimento emocionado os detalhes da última internação do filho, que chegou ao hospital com sintomas simples de tosse e vômito, mas acabou morrendo após horas de espera e uma intubação malsucedida. “Meu filho estava consciente e me pediu água antes de ser levado para a UTI. Depois da intubação, ele teve cinco paradas cardíacas”, conta Sandra, em lágrimas.
Bruna, tia de Vaioleth, outra vítima, também participou da manifestação, enquanto a mãe da criança, devastada, mudou-se para o Paraná por não suportar mais viver em Água Boa após a perda de sua filha de 1 ano e 5 meses. “Nossa dor é imensa e ninguém parece nos escutar”, afirma Bruna.
AUMENTO DA MORTALIDADE INFANTIL
As mortes não são casos isolados. Dados recentes mostram que a mortalidade infantil em Água Boa aumentou significativamente na atual gestão do prefeito Dr. Mariano Kolankiewicz Filho, que é médico.
Entre 2021 e 2023, a média foi de 20,31 óbitos por 1.000 nascidos vivos, um aumento de 50,78%. Esse crescimento alarmante na taxa de mortalidade infantil levanta sérias questões sobre a qualidade do atendimento no hospital.
MOBILIZAÇÃO POR JUSTIÇA
A mobilização chamou a atenção para uma saúde pública que, segundo os manifestantes, tem falhado na missão básica de proteger vidas. O Hospital Regional Paulo Alemão, que deveria ser um símbolo de atendimento de qualidade, agora é alvo de desconfiança e denúncias de omissão.
A mãe de Anthony está determinada a continuar lutando para buscar maior adesão da população e mais visibilidade ao caso. “Eles não vão silenciar nossa dor. Eu não vou parar até que investiguem a fundo o que aconteceu com o meu filho”, argumenta Sandra.
GRITO POR JUSTIÇA
As denúncias das mães revelam uma falha estrutural que precisa ser corrigida urgentemente. É inadmissível que famílias sofram tamanha perda por causa de falta de leitos e atrasos em procedimentos que poderiam ter salvado vidas. O aumento das taxas de mortalidade infantil é um sinal claro de que algo está profundamente errado no sistema de saúde local.
A sociedade civil, junto ao poder público, precisa agir. É fundamental que as autoridades de Água Boa promovam uma auditoria completa no Hospital Regional e garantam que as falhas sejam corrigidas.
A manifestação desta quinta-feira foi a segunda realizada para protestar contra a morte das crianças. Famílias e amigos haviam realizado um movimento no dia 21 de setembro. A negligência que tirou a vida de Anthony, Izabella e Vaioleth não pode ser ignorada, e os responsáveis devem ser punidos com rigor. A tragédia em Água Boa é um grito por justiça, e cabe à sociedade garantir que ele seja ouvido.