A produção agropecuária brasileira atingiu um marco histórico em 2023, com um crescimento de mais de 15%, o maior desde 1995. Esse resultado positivo, no entanto, foi contrastado com as dificuldades enfrentadas no escoamento da safra agrícola.
A má qualidade das rodovias, a oferta insuficiente de ferrovias e hidrovias e a baixa integração modal são apontados como os principais gargalos para o escoamento da produção.
Segundo dados apresentados no Senado Federal, cerca de 61% do transporte no Brasil é realizado por estradas, em sua maioria em condições precárias. Apenas 12,4% das estradas brasileiras são pavimentadas, o que coloca o país em desvantagem em relação a seus principais concorrentes no mercado internacional.
A situação se torna ainda mais crítica na região do Arco Norte, que tem registrado um crescimento expressivo na produção agrícola, mas carece de infraestrutura adequada para acompanhar esse desenvolvimento. A falta de investimentos na região tem impactado negativamente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional e também no mercado interno.
Outro ponto crítico é a questão da armazenagem, que não tem acompanhado o ritmo acelerado da produção agrícola. Em 2024, o país enfrenta um déficit de 118,7 milhões de toneladas, o que gera perdas para os produtores e aumenta os custos com logística. A falta de políticas públicas para incentivar a construção de armazéns e silos modernos, aliada às taxas de crédito pouco atrativas para o setor, contribuem para agravar o problema.
Em busca de soluções para os desafios do escoamento da safra, a Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública para debater o tema.
O encontro reuniu especialistas e representantes de diversas entidades, como a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Ministério dos Transportes, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Ministério dos Portos e Aeroportos, Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e Associação Nacional dos Transportes Ferroviários (ANTF).
Durante o debate, diversas propostas foram apresentadas para superar os desafios do escoamento da safra. Entre as principais medidas estão:
Melhorias na infraestrutura: Investimentos em rodovias, ferrovias e hidrovias para aumentar a capacidade e reduzir os custos de transporte;
Modernização dos portos: Ampliação da capacidade e eficiência dos portos para agilizar o embarque de produtos agrícolas;
Incentivos à armazenagem: Criação de políticas públicas para incentivar a construção de armazéns e silos modernos;
Integração modal: Melhoria da integração entre os diferentes modais de transporte para otimizar a logística;
Desburocratização: Simplificação dos processos burocráticos para facilitar o escoamento da produção.
Superar os gargalos logísticos é fundamental para garantir a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional e para impulsionar o desenvolvimento do país. As medidas propostas no debate na Câmara dos Deputados representam um passo importante na busca por soluções para esse desafio crucial.
A safra de grãos em Minas Gerais, inicialmente projetada para atingir um crescimento de 6,5% em 2025, enfrenta desafios significativos devido a condições climáticas adversas.A seca intensa e as temperaturas elevadas, não previstas pelos principais órgãos meteorológicos, têm impactado negativamente culturas como soja, milho, café, frutas e hortaliças.
Durante a fase crucial de enchimento de grãos, a falta de umidade e o calor excessivo levou as plantas a abortarem vagens e reduzirem o tamanho dos grãos, comprometendo diretamente a produtividade das lavouras.Em algumas regiões as perdas chegam a 20%, 25% nas áreas afetadas.Além disso, a umidade dos grãos colhidos está abaixo do ideal, tornando-os mais leves e afetando negativamente o rendimento final.
O milho safrinha, atualmente em fase de plantio, também sofre com as condições climáticas adversas.Áreas plantadas antes da estiagem já mostram sinais de perda de produtividade.Além disso, a seca interrompeu o plantio em diversas regiões, comprometendo a “janela ideal” para o cultivo.Cada dia de atraso no plantio representa uma perda significativa de produtividade futura, e a paralisação devido à seca pode impactar negativamente o desempenho da safra.
Apesar dos desafios climáticos, as estimativas iniciais apontavam para um crescimento na produção de grãos em Minas Gerais.Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicavam que a safra mineira de grãos 2023/2024 registrou uma produção total de 16,1 milhões de toneladas, com expectativa de alcançar 17,1 milhões de toneladas em 2025.Entretanto, as condições climáticas atuais podem levar a uma revisão dessas projeções.
Diante desse cenário, é essencial que os produtores acompanhem de perto as condições climáticas e adotem estratégias de mitigação dos danos.O uso de tecnologias que aumentem a eficiência no uso da água, práticas de manejo que conservem a umidade do solo e a diversificação de culturas podem ser alternativas viáveis para enfrentar os desafios impostos pelo clima.Além disso, políticas públicas de apoio e programas de seguro agrícola são fundamentais para garantir a sustentabilidade do agronegócio mineiro diante das adversidades climáticas.
O setor agrícola de Minas Gerais permanece resiliente, buscando soluções para superar os obstáculos e garantir a continuidade da produção, essencial para a economia do estado e do país.
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