Representantes da Associação de Lojistas, Caça e Pesca de Mato Grosso (Alcape-MT) estão fazendo uma costura política para que o projeto de lei n° 668/2019, que ficou conhecido como ‘Cota Zero’, que dispõe sobre a Política Estadual de Desenvolvimento Sustentável da Pesca e que regula as atividades pesqueiras em Mato Grosso, seja barrado pela Assembleia Legislativa.
Nesta terça-feira (20), os representantes da categoria foram até Brasília (DF) pedir aos deputados federais que ajudem a pressionar os deputados estaduais a votarem contra o projeto do Executivo, que proíbe por um período de cinco anos, o transporte, armazenamento e comercialização do pescados oriundos da pesca em todos os rios de Mato Grosso.
“Estamos fazendo uma costura política, buscando com os deputados estaduais, deputados federais, vereadores e prefeitos da baixada cuiabana, para que pressionem o legislativo do Estado, para não aprovarem este projeto de lei”, explicou a vice-presidente da Alcape-MT, Nilma Silva, que há 20 anos trabalha com iscas vivas.
Olhar Direto flagrou o encontro dos representantes da associação com o deputado federal Neri Geller (PP), que garantiu apoio na luta contra o projeto, além de se comprometer de levar a preocupação dos trabalhadores que vivem da pesca, ao governador Mauro Mendes (DEM).
“Conheço este problema do cota zero e sei que temos principalmente na baixada cuiabana muitas cidades e muitas pessoas que dependem da pescaria não predatória. Estamos alinhados a vocês. Vou conversar com a bancada do Estado para procurar fazer a abertura do diálogo com o governador para que a gente possa de forma consensual resolver isso. A sobrevivência de várias espécies também depende de uma pescaria que seja adequada para fazer a preservação. Não podemos deixar que pare esta atividade econômica, que é importante para os ribeirinhos de toda baixada cuiabana”, disse o parlamentar.
De acordo com Nilma Silva, os trabalhadores que vivem da pesca estão abertos ao diálogo e solicitam do Governo estudos que comprovem que a pesca, realizada de forma correta, trás risco às espécies de peixes em todo o Estado.
“Queremos que o Governo faça políticas públicas de forma correta, apresentando estudos e laudo. Estamos abertos a seguir uma rotatividade de espécies, como propõe um projeto substitutivo apresentado pelo deputado estadual Elizeu Nascimento”, afirmou.
A vice-presidente da Alcape-MT também projeta que com a aprovação do projeto do Governo, todo o seguimento que hoje sobrevive da pesca irá fechar as portas. “Não tem como ficar cinco anos de piracema. Se este projeto for aprovado, todo o seguimento que vive da pesca irá fechar, assim como os ribeirinhos, muitos deles, semi-analfabetos e com mais de 50 anos, não terão oportunidades de trabalharem em outras áreas”, finalizou.
Projeto Cota Zero
O Projeto de Lei 668/2019 proíbe, em seu artigo 18, o armazenamento, a comercialização e o transporte de pesca amadora por cinco anos a partir do ano de 2020. O pescador teria de soltar o animal de volta no rio na sequência ou consumi-lo no local da pesca. Ele faz parte da Política Estadual de Desenvolvimento Sustentável da Pesca e regulamenta as atividades pesqueiras.
O deputado estadual Valdir Barranco (PT) apresentou, na última quarta-feira (27), o requerimento nº 440/2024, solicitando ao Presidente do Instituto de Terras do Estado de Mato Grosso (Intermat), Francisco Serafim de Barros, informações detalhadas sobre o processo de regularização e posterior venda da Fazenda Rafer, localizada no município de Santa Carmem.
A Fazenda Rafer, com cerca de 700 hectares, foi vendida ao presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson José Redivo, pelo valor de R$ 674.918,51. A propriedade era considerada terra devoluta do Estado, conforme publicação no Diário Oficial, antes do processo de regularização fundiária e georreferenciamento, que justificou que a área estaria “deslocada”. Questionamentos sobre a transparência, legalidade e critérios técnicos utilizados no processo geraram preocupação no legislativo.
Em seu requerimento, Barranco destacou a importância de esclarecer a situação. “A regularização fundiária precisa ser conduzida com total transparência, respeitando o interesse público e a legislação vigente. Precisamos garantir que nenhuma etapa do processo comprometa nosso compromisso com a proteção do patrimônio público e do meio ambiente”, afirmou o deputado.
A Fazenda Rafer está localizada em região de grande relevância ambiental, inserida no contexto da Amazônia Legal. Para Barranco, “a floresta amazônica é um patrimônio inestimável, e todas as ações relacionadas à sua regularização fundiária e uso econômico precisam ser tratadas com extrema responsabilidade”.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que, em 2023, o estado de Mato Grosso foi responsável por cerca de 20% do desmatamento total na Amazônia, o que acentua a necessidade de um controle rigoroso sobre atividades fundiárias e ambientais.
O deputado também mencionou a solicitação de licença para exploração florestal antes da finalização do processo de venda, o que reforça a necessidade de apuração sobre o cumprimento da legislação ambiental. Além disso, ele cobra informações sobre os critérios técnicos utilizados na avaliação da área, o histórico de titularidade da terra e a análise de impacto ambiental feita pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT).
O deputado solicitou o apoio dos colegas parlamentares para aprovação do requerimento, reafirmando o papel fiscalizador da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. “O nosso compromisso é com a transparência, o meio ambiente e o patrimônio público. Este requerimento busca esclarecer os fatos e garantir que o interesse da sociedade prevaleça”, concluiu.
Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.AceitarLeia nossa política de privacidade